A ARIE Mata de Santa Genebra
A área que corresponde atualmente à Unidade de Conservação ARIE Mata de Santa Genebra fez parte no passado da Fazenda Santa Genebra, formada a partir de divisões sucessivas da última sesmaria concedida na região.
No final do século XIX, quando ainda pertencia ao Barão Geraldo de Resende, a fazenda era considerada um modelo na produção de café para a província. No final de sua vida, todavia, o Barão passou por dificuldades financeiras e teve sua fazenda leiloada. No início no século XX, a área passou a ser administrada pelo casal José Pedro de Oliveira e Jandyra Pamplona de Oliveira.
Durante esse período, acredita-se que a área de mata tenha sido mantida em pé, pela necessidade de recursos florestais para o dia a dia da fazenda. Exemplo disso, foi a retirada de madeiras nobres das áreas de borda da Mata. Conta-se ainda que José Pedro era portador de doença respiratória e por acreditar que respirava melhor no interior da floresta manteve-a em pé.
Na década de 1970, movimentos ambientalistas ganharam força em todo o mundo. Em Campinas, ambientalistas, pesquisadores e profissionais de instituições de ensino buscavam meios de conservar os últimos fragmentos florestais da Região.
Uma das propostas era que a Mata da Fazenda Santa Genebra fosse transformada em um reserva municipal propiciando a realização de estudos e pesquisas.
A criação da Reserva veio a se concretizar apenas em 1981, quando Dona Jandyra, já viúva de José Pedro, doou a Mata à Prefeitura Municipal de Campinas (PMC).
Em 1983, a área da mata foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), por meio da Resolução 02/1983. Em 1985 foi declarada pelo Governo Federal Área de Relevante Interesse Ecológico, através do decreto 91.885/85, e, por fim, em 1992, a área foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico Cultural de Campinas (CONDEPACC), por meio da Resolução 11/92.
Um dos aspectos mais curiosos da doação da Mata de Santa Genebra ao município de Campinas é o fato de que a Dona Jandyra Pamplona de Oliveira, então proprietária da Fazenda Santa Genebra, doou apenas a “sombra da mata”. Ou seja, a área só pertenceria à municipalidade enquanto a floresta se mantivesse de pé. Se qualquer incidente causasse o desaparecimento da floresta, a propriedade da terra deveria voltar às mãos da família Oliveira.
Outra curiosidade é que, no dia em que foi assinada a doação, a Orquestra Sinfônica do município de Campinas tocou em uma clareira no interior da Floresta.
A Fundação José Pedro de Oliveira
A FJPO foi instituída pela Lei Municipal nº 5.118/1981 com a competência de conservar e administrar a Mata de Santa Genebra, possibilitando a realização de estudos, pesquisas e outras atividades de caráter científico e cultural.
A Missão da FJPO foi definida da seguinte forma em planejamento estratégico realizado pela sua equipe em 2017: ”Promover a conservação da natureza, a produção de conhecimento e a Educação Ambiental na região de Campinas”
Ao
longo de seus 39 anos de existência, a FJPO tem reconhecida atuação na
gestão da ARIE Mata de Santa Genebra, graças às ações de educação
ambiental, restauração ecológica, monitoramento de pesquisas
científicas, licenciamento ambiental das atividades na zona de
amortecimento da ARIE, formação de brigada de incêndios, levantamentos
florísticos, monitoramento da fauna silvestre e diversas outras atuações
decisivas para a administração da UC e sua conservação em meio urbano.